Cinema-Crítica: A Origem

O.o - <- e com lagriminha nos olhos

Na Lata: A Origem é simplismente um dos blockbusters mais bilhantes que o cinema já concebeu em muitos anos. não é só mais um bom filme pipoca, é mais do que isso: é um rompimento, um produto que coloca em cheque a forma como o publico entende o que vê e o comportamento do cinema, enfim, é como um adestrador dando biscoitos para um cãozinho: "quer as cenas de ação? quer o massa veio? então use seu potencial de interpretação um pouquinho, ou então 'não desce pro play'".

Há muitas similaridades entre Inception e Matrix, o clássico de 1999, a principal delas é um grande rompimento, num filme de grande alcanse de publico, em relação a forma como o publico vê os filmes. A imagem não é mais "verdade", as coisas devem ser contestadas, estamos lidando com ilusão, com percepcões da realidade, algo que vai mais além do simples, exige um certo comprometimento pra compreender que mundo é aquele, mas antes disso, o filme brinca aos poucos sobre como você entende tudo aquilo.

Um dos grandes trunfos de Matrix é como gradativamente aquela situação é mostrada, foi uma estratégia muito eficiente, primeiro lidamos com o inesperado, com o estranho para depois aos poucos percebermos o que de grande há por trás daquilo. Nesse ponto o personagem de Neo não é só um personagem à procura de respostas, é o reflexo da visão do público para aquele filme inicialmente.

Por fim Matrix conseguiu ser um blockbuster complexo, com temas interessantes, com uma estética desconvencional naquele momento e que conseguiu ter um grande apoio pop, mas o mais importante, as pessoas compraram a idéia de Matrix, conseguiram viajar na sua complexidade e inovação.

Pra mim Inception é o Matrix dessa nova década. Novamente o conceito de ilusão é colocado em cheque, mas Inecption chegou muito mais fundo, não é só uma briga de interesses, uma discussão, muito boa diga-se, sobre a questão de inteligência artificial e decadência da terra por trás de tudo, é mais complexo, muito mais.

Porque Inception envolve um campo não muito mostrado em filmes, muito menos filmes tão comerciais, e quando são geralmente não são da forma que Nolan está fazendo, aqui sonhos são realidade e vistos como tal, porque realmente sonhos são a nossa realidade quando estamos neles. É pautado nesse realismo e em várias teorias consistentes que Inception ganha campo e faz sua trama mirabolante ter muita força, o ponto de partida da trama serve de pista para que as sensações que o filme quer buscar se desenvolvam e que aos poucos percebamos muito sobre seu protagonista e o quanto pode ser interessante brincar sobre o que é realidade de fato.

Inception também é tecnicamente um filme vigoroso e seu diretor já mostrou que está cada vez melhor e mais competente, tanto na direção quanto na elaboração dos brilhantes roteiros ao lado de seu irmão Jonathan Nolan.

O filme também não é tão complicado quanto vários comentários fizeram parecer que fosse, o "esqueleto" dele pode ser assimilado pra um público realmente interessado no que paga, e caro, pra ver num cinema, nesse ponto diria que é só um pouco mais complicado que O Cavaleiro das Trevas, tendo como diferença que o outro filme sim tem uma trama bem complicada e com reviravoltas, mas não assimilar todas elas não vai fazer alguem se perder já que sabe que Batman é o bom e o Coringa que ta fazendo merda o tempo todo, se é que vocês me entendem..

Enfim, Inception é complicado, mas não vai exigir nenhum esforço descomunal para se entender o esqueleto principal da história, a questão é que o filme é muito rico em detalhes, e refletir sobre estes detalhes o torna ainda mais e mais complexo e complicado, mas essas coisas estão perfeitamente ligadas à varios outros detalhes no filme. Há muita coisa a se reparar ou constatar em outras reassistidas a Inception (assim como foi pra mim ao rever Matrix algumas vezes embora Inception em complexidade faça The Matrix parecer brincadeira de criança)

E sobre a tradução do filme, acho que realmente o certo seria Incepção (e essa palavra provavelmente não existe), o que quer dizer algo como implantar origem de idéias. no fim acho que A Origem foi uma tradução bacana, tem um tom épico e não foge tanto à proposta do nome original quanto provavelmente qualquer outro nome fugiria, o que atrapalha é mesmo as legendas que colocam por vezes o termo "a origem" quando os personagens falam sobre a inserção de idéias e em outras ocasiões o termo correto, aí faz um pouco de confusão.


E é isso, não vou fazer nenhuma resenha muito longa, até porque acho que é o suficiente dizer que este é um filme obrigatório e já é um marco de seu gênero no cinema nos últimos anos, e também pretendo fazer um novo post, dessa vez falando melhor do filme mas com spoilers, principalmente sobre o final e sobre como eu o compreendi.

Recado final: Veja Inception, e no cinema! nem pense em não fazê-lo.


ps: vi Inception 2 vezes num intervalo de 3 dias. a resenha já devia ter ido ao ar desde terça-feira(dia 10) mas não foi porque tive problemas pra abrir o blogger (e ainda tenho), e to resolvendo por hora usando outro navegador (o desprezível Internet Explorer).

escala 'notas 10 estão cansando': 0
escala style: 9
escala 'quero ver pelas cenas de açâum!': 8
escala peso para o gênero da ficção científica: 8




Nota: 10